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Nascimento virginal: uma viva ideia espiritual

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 28 de março de 2022


Quando uma nova ideia espiritual nasce para o mundo, cumpre-se novamente a profecia bíblica de Isaías: “Um menino nos nasceu … e o seu nome será: Maravilhoso” Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, p. 109

Dificilmente encontraremos um acontecimento mais valioso e mais sagrado, na história cristã, do que o nascimento virginal de Cristo Jesus. Nada pode privar esse evento de sua singularidade e posição fundamental na teologia do Cristianismo, nem do significado especial que ele tem para os cristãos.

Mas a teologia da Ciência Cristã mostra o significado atemporal desse acontecimento histórico e explica que o nascimento virginal não foi um milagre, nem um desvio da lei natural, mas sim, foi a prova da Ciência da verdadeira criação, na qual Deus, o Espírito, é a única origem e continuidade do homem e do universo. “Aqueles que estão instruídos na Ciência Cristã alcançaram a gloriosa percepção de que Deus é o único autor do homem. A Virgem-mãe concebeu essa ideia de Deus, e deu a seu ideal o nome Jesus — isto é, Josué, ou Salvador” (Ciência e Saúde, p. 29). 

Isso não significa que os Cientistas Cristãos tenham a expectativa de que a geração física se repita dessa forma. Muito pelo contrário. Um dos biógrafos da Sra. Eddy escreve: “Embora o fato histórico do nascimento virginal tenha desempenhado um papel-chave na teologia da Sra. Eddy, ela o considerava um acontecimento único, relacionado com a singularidade da missão de Jesus” (Robert Peel, Mary Baker Eddy: The Years of Authority [Mary Baker Eddy: Os anos de autoridade], New York: Holt, Rinehart and Winston, 1977, p. 423). Muito embora essa prova sem igual da eterna união do homem com Deus possa ser indiscutivelmente localizada no calendário, as leis que regem a Ciência da criação transcendem o tempo. E entre sua progênie, nesta era, encontram-se as demonstrações práticas de cura cristã que são fruto da oração científica.

 Na verdade, a humanidade está, até certo ponto, de acordo com a lei da criação espiritual, quando abraça o conceito de oração. A oração indica a disposição de deixar de lado causas humanas e voltar-se para Deus. Ela reconhece a união do homem com Deus e aceita a possibilidade de que a atuação divina alcance a consciência humana. Qualquer “nova ideia espiritual” nascida de tal comunhão pode ser considerada original e, em certo sentido, fruto de um “nascimento virginal”. 

Mas não é suficiente reconhecer a origem espiritual de alguns eventos, apenas. Se a humanidade quiser sentir constantemente aquele relacionamento com Deus, que traz a salvação plena do mal, então a causa espiritual de tudo, a única verdade a respeito da criação e ponto de partida de todo pensamento e ação reais, não pode ser compreendida meramente como algo que coexista com um universo físico real. Vendo que a ortodoxia religiosa não duvida nem um pouco da ideia básica da intervenção divina, ou seja, uma união apenas ocasional com Deus, os Cientistas Cristãos deveriam despertar e perguntar o porquê disso. E então deveriam se elevar às alturas sagradas do significado do nascimento virginal.

Afinal, os escribas e fariseus da época de Jesus não questionavam as muitas provas bíblicas do poder espiritual para, aparentemente, ajudar os homens naquilo que parecia ser o poder humano de criar e perpetuar a vida. Eles aceitavam que Deus tivesse permitido a Sara e Abraão gerar Isaque na velhice; como também que Deus tivesse abertos as madres de Raquel e de Ana. Mas essa mesma mentalidade abominou a ideia da pura filiação divina, e crucificou o homem que a encarnava e a ensinava. Por quê? 

Talvez isso tivesse algo a ver com uma interpretação básica equivocada. Ao interpretar erroneamente os acontecimentos e curas do Antigo Testamento (e as curas de Jesus) como provas de que Deus intervém para ajustar, multiplicar e curar a matéria, a mente carnal acaba acreditando que a matéria e o Espírito sejam ambos reais e possam se combinar. É acima de tudo o advento, a vida e os ensinamentos do imaculado Jesus, explicados pela Ciência Cristã, que forçam o pensamento mortal a enfrentar a correta interpretação dos milagres e das curas; forçam o pensamento humano a reconhecer aqueles fatos como provas da nulidade absoluta de uma vida ou inteligência material. “Esse pensamento sobre a nulidade material humana, que a Ciência inculca, enfurece a mente carnal e é a causa principal do antagonismo dessa mente” (Ciência e Saúde, p. 345), explica a Sra. Eddy.

Ao longo dos séculos, a mente carnal encontrou inúmeras maneiras de evitar o fato de sua própria nulidade. Essa mente acabou encontrando uma maneira de ajustar a teologia cristã ao nascimento virginal de Jesus, enfatizando sua natureza histórica única, em vez de sua mensagem espiritual atemporal. Na verdade, Jesus era o “Filho unigênito” de Deus, mas ele também era o supremo exemplo terreno da verdade de que, espiritualmente, cada um de nós é agora mesmo filho de Deus, o inocente progênito do Amor.

Em anos mais recentes, alguns teólogos até questionaram a veracidade do nascimento virginal. Mas nada pode esconder para sempre o fato de que o nascimento virginal realmente ocorreu e indicou o fim de toda concessão à crença de matéria inteligente. A lei viva da criação espiritual, exemplificada no nascimento virginal, é a base da inevitável exigência, feita a cada um de nós, de que deixemos de nos conformar com o mundo e passemos a “nascer de novo”. Essa é também a chave para penetrar profundamente no problema do mal e do conflito, e para trazer salvação à humanidade. 

O nascimento virginal e a salvação individual

O nascimento virginal nos fornece a prova definitiva de que a doutrina do pecado original é falsa, quando esse nascimento é compreendido como o exemplo do existir original de toda a criação, isenta de pecado. O nascimento virginal também demonstra que toda individualidade real tem apenas um único antecedente: Deus, o Espírito. É a prova de que toda individualidade transmitida pelo único Pai-Mãe é pura, nunca formada pela genética nem tocada por ela, nunca pelo acaso ou pela hereditariedade; e que a consciência proveniente da Alma — eternamente livre de condicionamentos devidos a uma experiência passada — jamais pode estar contaminada ou assombrada por erro, desobediência, culpa ou condenação.

Levando-se em conta que todos esses fatos espirituais a respeito da criação constituem a realidade, entendemos então que a mortalidade é mera ilusão. O requisito humano, portanto, cumprido apenas pelo puro poder-Cristo do Amor, é ver por trás da ilusão imposta pela mente carnal de que sejamos entidades materiais separadas do Amor divino, e é descobrir nosso verdadeiro existir como a semelhança de Deus. Temos de “nascer de novo”.

E o que pode ser esse novo nascimento, senão o fruto do nascimento virginal das ideias espirituais — ideias essas concebidas e nascidas do Espírito — que gradual, mas totalmente, redimem do erro a consciência humana?

Talvez a ideia fundamental de regeneração cristã seja clara para nós, mas o verdadeiro problema é como passar da vontade centrada no ego e na sensualidade, para o poder totalmente espiritual que transforma a vida humana, traz a cura e, por fim, nos eleva para fora da mortalidade. Como entender a Ciência da criação que trouxe Jesus ao mundo e que traz à luz toda ideia que redime e cura?

 O fato é que, à medida que nos dispomos a trocar a crença em um ego pessoal, que se auto justifica, pela verdadeira concepção do homem como ideia do Amor, essa Ciência se torna mais próxima de nós. Aliás, a tarefa sagrada dos homens e mulheres é render-se a esse poder-Cristo que desponta em nós e que eleva nossa identidade espiritual, especialmente a feminilidade espiritual, e nos prepara para nos submetermos ao amor e ao poder criativo do Espírito Santo, que nos envolve. “Descerá sobre ti o Espírito Santo,” o anjo Gabriel explicou a Maria, “e o poder do Altíssimo te envolverá.” Ao que Maria respondeu com palavras simples e comoventes, cujo resultado abalou todos os fundamentos da teoria genética e atômica: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lucas 1:35, 38).

No exemplo da elevada feminilidade de Maria, começamos a compreender as qualidades de pensamento e de caráter que são capazes de receber a concepção do homem como a ideia do Amor. A fé e a confiança absolutas em Deus, a notável coragem, a inocente expectativa do bem, a obediência isenta de ego, a pureza de coração, a mansidão, a receptividade sem resistência — a consciência de Maria naquele momento era a própria encarnação daquelas bem-aventuranças que mais tarde fariam parte do Sermão do Monte, e que marcariam para sempre o caminho para vencer o mundo. Certamente, esse desapego às coisas do mundo — esse humilde senso de identidade que sabe não poder fazer nada sem Deus — é, como sempre, “desprezado e o mais rejeitado entre os homens” (Isaías 53:3), mas é a única atitude que demonstra a união com Deus e que permite ao Espírito Santo penetrar na consciência humana com a criativa lei espiritual que rompe os padrões mentais de hereditariedade.

Essa consciência elevada é a “madre” onde está despontando a ideia recém-nascida do nosso existir original, isento de pecado; precisamos, portanto, proteger nosso novo nascimento com pureza de pensamento. É assim que o nascimento virginal das ideias espirituais em nós começa sua inevitável coincidência com as necessidades humanas, com o corpo universal do pensamento humano. Não podemos cercar de pureza mental a ideia nascente de nossa identidade espiritual, sem sentir que o amor imparcial de Deus é uno e é Tudo, e abrange a todos simultaneamente. Uma vez que, na verdade, cada um de nós individualiza plenamente a Mente divina, a substância de nossa própria identidade real consiste na pura consciência de todas as amadas ideias da Mente. Não concebemos verdadeiramente nossa própria substância, nem interpretamos corretamente o novo nascimento, quando deixamos de amar o outro como a nós mesmos.

Ao mesmo tempo, o amor sem indulgências, necessário para dar testemunho das ideias celestiais, ensina-nos a necessidade de nos abstermos da crença de que o mal tenha alguma presença ou força real, com a qual invadir e dividir a real pureza, a unidade do bem. Nosso desenvolvimento espiritual é mantido puro na medida em que rejeitamos o dualismo que alega que tanto o bem como o mal sejam reais, e na medida em que livramos nossa mente de pensamentos profanos e não-cristãos. O Espírito, o bem, é infinito. Na verdade, não há nem oposição a esse fato, nem há nele conflito, pois o Espírito é Tudo.

O nascimento virginal e a salvação universal

O nascimento virginal de Cristo Jesus é certamente uma das mais importantes e concretas provas, na história, de que o verdadeiro existir é um e único. Nesse evento, está traçada uma clara linha de distinção entre o que é verdadeiro e o que não é, entre a irrealidade da matéria e a realidade do Espírito. É a demonstração de que a causalidade espiritual é o fundamento da salvação da humanidade — salvação de todo o mal, de toda a massa de erros provenientes da crença de que a matéria seja a base da vida. Essa crença em múltiplas origens — em matéria viva e inteligente, ou seja, magnetismo animal — estabeleceria uma criação em conflito perpétuo e inevitável. A crença em mais do que uma única Mente está na base da incessante polarização do pensamento e da vida humana. Masculino e feminino, ciência e arte, ciência e religião, criatividade e estabilidade, mansidão e poder, sentimento e intelecto, inocência e maturidade, tudo o que muitas vezes parece estar em oposição entre si; somente a verdade de que a matéria é nada, e de que o Espírito é tudo, pode resolver esse conflito.

 A Sra. Eddy escreve: “Só uma das declarações seguintes pode ser verdadeira: (1) que tudo é matéria; (2) que tudo é a Mente. Qual delas é a verdadeira?” (Ciência e Saúde, p. 270). Essa declaração absoluta põe a nu a incoerência de pensarmos que podemos continuar a viver com Deus apenas ocasionalmente, esperando a ocasional intervenção divina. Como Jesus advertiu, não podemos “servir a Deus e às riquezas” (Mateus 6:24). O fato a respeito do existir é que a matéria e o Espírito (sendo opostos) não podem existir juntos; um dos dois tem de ser tudo. A mente carnal afirma que a matéria é a natureza e a essência de tudo o que é real. Essa alegação é apresentada por vários sistemas ateístas, tais como o materialismo dialético e o materialismo científico, sendo que esses sistemas de pensamento crescem, valendo-se e alimentando-se do conflito e da separação. Eles incorporam o desejo da mente carnal de se apegar à vida na matéria, a necessidade de negar a ideia divina de unidade, e a intenção de engolir tudo o que se opõe a essa mente. O materialismo ateu representa a aceitação total da evidência material. Seu oposto, e seu destruidor, não pode ser, portanto, qualquer sistema ou teologia que misture, de maneira não científica, a matéria e a vontade mortal com o Espírito. Aliás, devido a esse dualismo, tal concepção contaminada não abrange o conceito de que o Espírito é Tudo, portanto, deve inevitavelmente ser engolida pela alegação de que o mal seja tudo.

 Para que a consciência humana comece a alcançar a “túnica sem costura” do Cristo — a união e a paz — implícita na unidade divina, temos de aceitar a verdade de que Deus é Tudo, como ensina a Ciência Cristã. É a ideia pura da totalidade do Espírito, o bem, que destrói não só o conflito, mas também o medo desse conflito, tanto no pensamento individual como no pensamento universal, e em todo o conjunto da humanidade.

Neste momento, o mundo parece polarizado como nunca esteve antes. A humanidade está temerosamente focada no espectro da destruição total. Terrorismo, guerras, dependências químicas, os problemas e as doenças que dizem respeito à sexualidade humana, o crime, a separação nas famílias, a revogação dos direitos legais e morais de todos os seres vivos — todos os sintomas do conflito individual e coletivo — constituem a negação, por parte da mente carnal, de que o verdadeiro existir real é um e uno. É por isso que a teologia pura, inerente ao nascimento virginal, é tão essencial, pois enquanto persistir a crença na realidade da matéria deverá haver conflito. Não podemos continuar na ingenuidade de crer que o mundo esteja meramente lidando com um conflito entre o bem e o mal humanos. Já vimos que no contexto da crença em múltiplas causas, até mesmo o aparente bem é inevitavelmente polarizado. Por isso, o bem humano não é suficiente para redimir o conflito. A verdadeira redenção é, conforme prometido, a tarefa do Salvador, o Cristo, revelando a ideia pura e infinita de que a Mente é tudo e é una.

 As notáveis palavras que abrem “a declaração científica sobre o existir”, em Ciência e Saúde, se acendem em nova chama, à medida que reconhecemos mais plenamente o que elas significam para a salvação da humanidade: “Não há vida, verdade, inteligência, nem substância na matéria. Tudo é a Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudo-em-tudo” (p. 468). 

Jesus, sabendo e comprovando que nós todos somos os amados filhos e filhas de Deus, pronunciou as maravilhosas palavras que, até o fim dos tempos, profetizam nossa demonstração tanto da origem espiritual como da fraternidade universal: “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome” (Mateus 6:9). 

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